
Sobre aprender e tomar um suco de maracujá a partir da fruta que você mesmo cultivou
Por Flora Alves, CLO da SG Aprendizagem.
Hoje pela manhã abri um dos primeiros maracujás cultivados aqui em casa e preparei um suco. Enquanto preparava o café da manhã refletia sobre o potencial guardado em uma semente.
O embrião é a parte principal da semente pois ele é o responsável pela origem da nova planta. Em outras palavras, o embrião é o vegetal em estado potencial. A semente guarda em si todo o potencial necessário para se transformar nos vegetais que admiramos e que nos alimentam.
Assim somos nós, guardamos em nós o potencial necessário que pode se transformar em força propulsora a favor de nosso aprendizado e desenvolvimento. Por isso sempre acreditei que podemos aprender o que quisermos e que é o desejo de aprender que nos faz germinar.
Enquanto me deliciava com o suco que eu mesma havia preparado refletia: se por um lado, a potência está na semente, para que ela consiga se desenvolver e dar frutos de qualidade precisa encontrar condições que favoreçam a germinação e o crescimento.
Me mudei para esta casa há 17 meses e onde hoje colhemos maracujás, amoras, limão e jabuticabas não havia quase nada além de um pouco de terra e umas arvorezinhas tímidas que até sugeriram que fossem removidas.
Acreditamos na potência e cuidamos para que as condições favorecessem a germinação e o desenvolvimento. Foi preciso regar, nutrir o solo adequadamente, podar aqui e ali e até ouvir conselhos dos mais experientes e aprender a fazer enxerto no limão siciliano para ele voltar a produzir.
Assim é a aprendizagem. A potência necessária já está aí, guardada em você só esperando sua motivação para germinar. É claro que serão necessárias condições adequadas para isso, e este é o papel de uma experiência de aprendizagem completa que vai desde o preparo até a transferência.
Assim como existem fatores internos e externos que contribuem para o desenvolvimento de uma planta saudável, há fatores internos e externos que contribuem para sua aprendizagem.
Entre os internos estão sua motivação, a percepção de valor que você tem sobre o aprendizado e como ele se aplica a sua realidade, suas experiências anteriores (que podem ou não ter sido boas), a aptidão para aquilo que se pretende aprender e até mesmo seu estilo de aprendizagem e estado emocional.
Os externos incluem o suporte necessário para que você se desenvolva por meio de apoio e reforço, oportunidades para utilizar os novos conhecimentos adquiridos, sucessos e até fracassos anteriores além de reconhecimento e recompensa que impulsionam você “em direção ao sol”.
Estar em um local favorável não basta, a potência do embrião precisa trabalhar a favor do desenvolvimento. Agora me refiro ao protagonismo. Uma experiência bem desenhada coloca a “semente no terreno adequado” para que ele germine e se desenvolva.
Quando você decide aprender algo deve procurar as condições favoráveis para seu aprendizado e programar-se para se dedicar a este processo. Envolver-se ativamente no seu aprendizado, estar disponível para a troca e experimentação, aprender a partir dos erros e conectar o aprendizado com sua rotina criando oportunidades para criar hábitos que, sem sombra de dúvidas, serão necessários.
Aprofundar-se leva tempo, exige dedicação, não acontece de maneira passiva.
Entre o plantio do maracujá e o primeiro suco produzido em casa se passaram mais de 12 meses. Teve cuidado com a escolha do local, adequação de um aparador por onde ele pudesse subir se entrelaçando para florescer, muita rega, cuidado com o solo…
Talvez você esteja pensando que teria sido mais fácil comprar um suco de maracujá concentrado ou até mesmo “abrir uma caixinha” não é mesmo? Então te conto que eu nunca esquecerei o sabor deste suco, que com certeza irá para minha memória de longo prazo e para minha memória afetiva.
Invista tempo no seu desenvolvimento, ele pode levar tempo, mas produzirá os frutos que você almeja.