
Nossas resistências, nossos hábitos e o aprendizado ao longo da vida
Por Monica Almeida, Designer instrucional e Facilitadora de experiências de aprendizagem presenciais e digitais.
Bem cedo chega uma mensagem no grupo dos pais do WhatsApp sobre a dificuldade da criança ao fazer determinada lição de casa, seguida de mais algumas. O livro da teoria não havia retornado na mochila e as crianças não se lembravam direito do conteúdo, então como poderiam realizar a atividade?
Perguntei ao meu filho (de 9 anos) sobre o assunto, logo imaginando que “sobraria” pra mim, e ele respondeu: “A professora disse que poderíamos pesquisar no Google, você me empresta seu celular depois?”. Realmente o tema não parecia muito conhecido: numerações das civilizações Maia e Egípcia, por isso eu nem poderia ajudá-lo (risos). O grupo seguiu para uma discussão sobre as crianças serem orientadas a buscar por conta própria ao invés de mandar o livro de suporte para casa.
Se o aprendizado se dá ao longo de toda nossa vida (não apenas a escolar) e existem recursos e boas práticas que podem nos ajudar nessa busca, por que ainda resistimos? Hábitos diferentes daqueles que tínhamos precisam ser cultivados por nós e pelas próximas gerações para que o aprendizado seja mais fluido, interessante e não restrito ao ambiente formal de aprendizagem (salas de aulas com horários específicos, treinamentos corporativos etc.).
Curiosidade, autonomia e disciplina entram nessa história e contribuem para o processo. É comum que pesquisas na internet possam facilmente te levar para um outro lugar e você aprenda outras coisas por pura curiosidade, no meu caso dobraduras de guardanapos de pano (risos de novo). Acho que isso não é um problema desde que exercitemos a disciplina no sentido de focar e voltar ao que precisamos aprender, qual era mesmo o objetivo da pesquisa?
Nas formações da SG utilizamos a frase “aprenda no seu tempo” e faz muito sentido, desde que você reserve tempo para aprender em seu planejamento. Temos percebido pelo desempenho dos participantes naquilo que se espera como performance e alcance dos objetivos de aprendizagem estabelecidos, que aqueles que realizam as atividades propostas aos poucos e de forma constante, progridem mais, inclusive no sentido de atender suas próprias expectativas em relação àquilo que vieram buscar.
Para fechar a reflexão (ou abrir!), gosto de uma analogia da Elaine Biech sobre aprendizagem quando ela diz que aprendizagem é como um alimento que não pode ser engolido de uma única vez, é preciso “mastigar”. Alguns nutricionistas recomendam até um número ideal de mastigações por garfada, não é? Na aprendizagem, vá aos poucos, segmente conteúdos e desenvolva-se de forma constante.